terça-feira, 8 de maio de 2012

Hot Adiction



Capítulo 19 



Sabe quando você se senti a maior idiota do mundo? Depois que saí da casa do chay, uns cinco dias atrás, percebi como eu era burra! Claro, chay era orgulhoso, e só eu pra pensar que teria acontecido algo entre a gente, ou que fosse acontecer. Confesso que me imaginei fazendo loucuras naquela parede, mas ele era um filho da puta! E pior que ele tinha razão sobre me preencher por completo... Maldito. 
Pior de tudo é que eu teria que encontra-lo, aposto que ia rir da minha cara. 
Será que ele iria trazer a Sam até a minha casa? 
Nós tinhamos combinado de comer comida japonesa, perola que deu a ideia e eu ofereci minha casa pra fazermos. Bom, na verdade, eu tinha feito tudo sozinha, porque sou a unica que sabe preparar esse tipo de comida, mas nada que me incomode. 
Já fazia uns vinte minutos que eu tinha terminado de arrumar a mesa, quando a campainha tocou, revelando todos os meus amigos a minha porta. perola e ray tinham uma garrafa de vinho, em suas respectivas mãos. 
- Boa noite. - sorri. Todos me deram beijinhos e adentraram a minha casa. Preciso dizer que na vez do arthur e do chay eu fiquei meio tensa? Acho que não. 
- Nossa, você estava inspirada hoje em, luuh. - mica comentou, olhando pra minha 'decoração'. Eu tinha colocado tudo o que iamos usar em uma mesa de centro na minha sala, e umas almofadas ao redor dela. 
- Sorte a de vocês que hoje, uma quarta feira, pré seleção de fotos de modelos insuportáveis, estou de bom humor! - falei, pegando o vinho da mão do perola . - Vamos abrir? - sorri pra ele, e desviei meu olhar, encontrando arthur. Desde aquele dia e a breve ligação dele uns dias atrás, eu não tinha o visto mais. Ensaiei algumas vezes pra ligar, ou ir até a loja, mas não tive coragem, e o trabalho também tomou meu tempo. Ele deu um sorriso meio sem graça pra mim, e eu fiquei meio paralisada, olhando pra ele, mas sem sorrir, nem nada. Senti uma mão passar por cima do meu ombro, e pegar a garrafa de vinho. 
- Isso é pra completar o jantar, não pra você beber tudo, ok? - senti a respiração de chay bater em minha orelha, e desviei o olhar de arthur, para o chão. Meu corpo inteiro arrepiou com aquele pequeno contato dele. 
- Não sou alcoolatra, suede, sei muito bem disso, ok? - eu disse num tom bravo, mas divertido, arrancando uma risadinha dele. Ah, pelo menos a gente não tava em climão. 
Apesar que eu nunca ia entender o chay. Hora ele diz que tem que cotinuar com a promessa, hora ele me trata normal... É, vai entender. 

- Essa merda nunca gostou de mim - chay jogou o hashi de lado, após sua tentativa frustrada de pegar um sushi com ele. Começamos a rir, quando ele pegou o mesmo com a mão, molhando no shoyo, e comendo. 
- É tão fácil, chay! Mas já cansei de te ensinar viu... - eu disse, pegando um sashimi e o comendo com muito gosto. 
- Nós precisamos marcar alguma coisa pra eu apresentar a Hayley. - perola disse. 
- Quem? - perguntei de boca cheia mesmo, arqueando a sobrancelha. 
- Hayley, a nova 'namorada' - arthur fez aspas com os dedos - do perola . 
- Outra perola ? Sabia que pessoas assim acabam sozinhas? - sophia comentou e mica concordou com a cabeça. 
- É por isso que eu estou com a sophia, porque achei o que eu queria logo de primeira. - ele disse e nós começamos a rir. 
- E antes da sophia você teve que experimentar quantas mesmo? - chay deu um sorriso sacana e mica o fuzilou com os olhos. 
- Vocês tem inveja de mim, mas logo vou marcar algo pra apresenta-la, porque acho que dessa vez, vai. - perola falou e eu achei bonitinho o jeito dele, mesmo não botando muita fé, já que sempre 'dessa vez, vai' - e acho que comi demais. - ele reclamou, colocando o hashi de lado, e depositando as mãos sobre a barriga, que ele tinha 'colocado pra frente', se fingindo de gordo, soltando um arroto logo em seguida. 
- perola , que noj... - outro arroto. 
- mica! 
Os meninos começaram a rir e fazer uma disputa de arrotos. 
- Vocês são muito porcos! 

- Se algum de vocês entrar em coma alcóolico, vou chutar escada a baixo e vocês vão prara direto na calçada! - eu disse, fingindo estar brava. perola tinha achado minha garrafa de tequila, que eu tinha comprado pra alguma futura ocasião especial. Mas a hora que dei conta, eles já estavam bebendo feito água. 
Pobre José Cuervo. 
- Ah luuh, até parece que logo logo você não vai estar aqui bebendo com a gente. - chay disse virando mais uma dose. 
- Já disse que não sou alcoolatra igual vocês e ah, nem to afim de ver o mundo girar hoje. - pisquei e ouvi ray rir. 
- Eu também, to até enjoada com esse cheiro. - ela disse franzindo o nariz e eu sorri fraco pra ela. 
- Ih, vocês estão parecendo duas velhas. - sophia veio até mim e sentou em cima da minha barriga, encostando as costas no encosto, já que eu me encontrava deitada no sofá. 
- Concordo! - arthur exclamou, já visivelmente alterado. Ouvi meu telefone fixo tocar, mas me deu uma preguiça de atender, pois ele não estava ao alcance das minhas mãos. Só fui correndo até ele, porque sophia ficava me cutucando (e machuchando), dizendo que o barulho do telefone a irritava. 
- Alo? - atendi, mas não recebi nenhuma resposta, apenas uma respiração que indicava que alguém estava na linha. - Alo? - insisti, encostando meu corpo em uma parede próxima. Todos na sala ficaram em silêncio, escutando. 
- lua , é você? - não reconheci a voz da pessoa, apenas que era feminina. Ainda mais pelo sotaque que ela tinha. Certamente ela falava outra língua, só estava arriscando no ingles. 
- Sim, sou eu, quem gostaria? 
- É sua pima Alyssa, da Finlândia. - ela respondeu, e eu vasculhei toda minha memória, tentando lembrar quem era Alyssa. Obvio que era alguém do lado da minha mãe. - Acho que você não se lembra de mim, mas só estou de ligando porque me achei na obrigação. 
- Aconteceu alguma coisa com a minha mã... Com Aria? - senti todo meu corpo arrepiar ao falar o nome dela em voz alta. Senti alguém se aproximar de mim e, pelo cheiro, poderia arriscar que era o chay. 
- E-ela estava muito doente e... 
- Espera, estava? - perguntei, já sentido meu coração bater mil vezes mais que o normal. 
- Ela faleceu. - senti todo meu corpo ficar mole e minhas pernas cederem. Soltei o telefone, deixando o pindurado pelo fio e só vi a hora que sophia também estava próxima e o pegou, perguntando a Alyssa o que havia acontecido. Os braços de chay me reconfortaram em um abraço, antes que meu corpo pudesse escorregar completamente pela parede. 
Fiquei sem reação, meu corpo inteiro paralisou. Acho até que minhas lagrimas paralisaram. 
Minha mãe podia ser o que fosse, mas ela era minha mãe. 
As poucas lembranças que eu tinha, passaram pela minha cabeça. Senti a mão de chay passar pelas minhas bochechas, secando lágrimas que eu nem percebi que tinha derramado. O olhei, como se implorasse pra que ele tirasse aquela dor que estava assolando meu peito. 
Tentei me levantar, me apoiando na parede. Eu estava confusa, e quando consegui ficar de pé com a ajuda de chay ele me abraçou, fazendo com que eu soltasse aquele som preso em minha garganta. Agora sim eu chorava alto. Ouvi sophia bater o telefone no gancho e vir em minha direção, me olhando apreensiva. 
- luuh... - ela passou a mão pelo meu cabelo, e eu apenas a fitei, ainda com o rosto enterrado na curva do pescoço dele. 
Logo perola , ray, mica e arthur - cambaleando - se aproximara. Todos, menos arthur, tentaram dizer algo pra me confortar, e me olhavam com pena. 
- Onde tem mais bebida? - ouvi arthur perguntar, e cerrei os olhos. 
- Isso é hora de perguntar sobre bebidas? - ray perguntou indignada, balançando a cabeça em negação, como quem não acreditava no que ele tava falando. 
- Qual o problema? Você tão fazendo muito teatro, não acham? A mãe da lua nunca ligou pra ela, é até frescura ela ficar chorando desse jeito. - ele disse com a voz embolada. 
- CALA A BOCA, IDIOTA! - eu gritei com toda minha força e senti mais lágrimas sairem. Por que ele estava fazendo isso? 
Todos olhavam chocados pra arthur, e eu ainda mais. chay apertou minha cintura e, com um pouco de brutalidade - por ter sido muito rapido - ele saiu de perto de mim, e antes que eu pudesse piscar, arthur já estava caído no chão, com o nariz sangrando. 

- Mas você não precisava ter batido nele! 
- arthur é um idiota. 
- Ele não é idiota, chay, ele é seu amigo ok? 
Logo depois que chay meteu um soco na cara do arthur, e ele caiu no chão, arthur não teve reação alguma, apenas ficou deitado no chão, com o nariz sangrando. ray xingou um pouco chay, mas depois pediu desculpas e foi cuidar do machucado dele. 
- Ele é sim. Pode até ser meu amigo, mas é um idiota. Um idiota que não da valor a nada e a ninguem. A ray sempre a amou e isso nunca pareceu suficiente não é? Ele nunca deu valor, agora ele não da valor pra você também. - ele foi falando sem parar e só percebeu o que tava falando, quando apertei um pouco com força, a mão dele que eu segurava. - Desculpa, eu não tinha que estar falando isso e - ele parou de falar e me olhou, ao me ouvir fungar. - luuh, desculpa, não chora de novo, você prometeu... - respirei fundo e segurei um pouco o choro. 
Eu e chay estávamos no meu quarto, conversando, já devia fazer, no minimo, umas duas horas. Ele tentava puxar assuntos engraçados, me fazendo rir um pouco, mas eu logo me pegava chorando de novo. Todos meus amigos, do meu jantar japones frustrado, passaram aos poucos no meu quarto para se despedir. sophia não queria ir, mas eu disse que não tinha problema, afinal ela tinha que trabalhar e chay disse que ia me fazer companhia. Quando foi a vez de ray e arthur, apenas acenei de longe para um arthur inchado e do rosto roxo. Não ia falar que ele merecia um soco, mas eu estava realmente chateada. 
- Mas vamos voltar a falar sobre alguma coisa engraçada. Sua vez de puxar um assunto né. - chay engatinhou na minha cama e deitou do lado vago. Continuei sentada de indinho, mas me virei pra ele. Tentei vasculhar algum assunto engraçado na minha mente, mas nada vinha, só vinha a imagem da minha mãe. 
- Por que eles não me avisaram, chay? Não custava nada terem feito a mesma ligação uma semana atrás, quando tudo aconteceu! - o olhei indignada. 
- luuh... Você quer mesmo falar sobre isso? - afirmei com a cabeça. - Ah, você sabe como esses seus parentes de lá são. Tenho certeza que a sua mãe não ia querer isso, ela te amava, eu não duvido disso! - mas eu tinha. Não queria ter, mas tinha. - Mas e se eles tivessem avisado aquele dia, o que você poderia fazer? Ia pegar um avião pra Finlândia? - ele colocou os dois braços atrás da cabeça e me fitou. - não fique brava comigo, mas você não ia poder fazer nada. - e antes que eu pudesse abrir minha boca pra falar algo, ele me interrompeu. - E vamos falar de outra coisa! É uma ordem. 
- Tudo bem vai... Então, como foi seu encontro com a... Sam? - cruzei os braços e chay arqueou a sobracelha.
- Você quer todos os detalhes? - ele me olhou sério. 
- Os não sordidos, por favor. - eu disse olhando séria pra ele. Eu sou muito idiota, por que fui perguntar isso pra ele? Esperei que ele começasse a falar, mas ao invés disso ele começou a... Rir? 
Rir não, gargalhar. 
Espera, eu tenho cara de palhaça? Espero que não, porque eu os odeio! 
- luuh, não tem Sam nenhuma! - ele voltou a sentar, encostando no batente da cama. Ele olhou pra baixo, e começou a cutucar a unha. 
- Como não? Aquele dia você saiu todo arrumado e... 
- Mas logo que você foi até seu carro, batendo o pé, eu voltei pra casa. - mentira, mentira! 
- Duvido... 
- É verdade, aquela noite só teve sofá, tv a cabo e cup noodles... Nada de Sam. - respirei fundo, absorvendo as palavras dele. Sério que fiquei arranjando formas de torturar os dois a toa? 
- Por que? - perguntei e ele me olhou sem entender. - Por que você fez aquilo comigo então? 
- Pra você aprender que nada é na hora que você quer, que você já teve isso e não soube aproveitar. - ele piscou e voltou a cutucar a unha e a tirar com o dente aquelas pelinhas chatas. Suspirei cansada. Eu não podia contestar, era tudo verdade. 
- Nada mudou, sabia? - ele disse, levantando e indo até o banheiro. Joguei meu corpo na cama, ao mesmo tempo em que ele fechou a porta. 
'Nada mudou' certamente não era uma expressão pra mim. Porque tudo mudou, eu só não sabia como, o que, e nem como administrar isso. Não saber o que eu realmente estava sentindo, era uma droga. 
Ouvi um barulho de descarga, de torneira, e logo chay estava de volta. Ele passou pela comoda onde a tv ficava e pegou os controles e voltou a deitar na cama. Ficamos um pouco em silêncio, enquanto ele mudava os canais. 
- Para ai. - chay me olhou assustado com o grito que eu dei, e eu comecei a rir de leve. - volta um canal. - estava passando 'As Branquelas', e tenho que admitir que eu adorava aquele filme, não tinha como não rir. chay me puxou, fazendo com que eu apoiasse a cabeça no peito dele. Tentei me levar pela comédia do filme, pra nenhum pensamento ruim e triste invadir minha cabeça. Eu tinha que respirar fundo e não cair, seguir em frente, como eu sempre fiz, era a unica opção, eu não tinha escolha nem se eu quisesse. 
Logo nossas risadas invadiram o quarto, sem ao menos dar um segundo de descanso. Nem preciso dizer que aquela, que era pra ser uma noite péssima, foi boa. chay e filme de comédia era tudo o que eu precisava depois do que aconteceu. 
Eu não queria pensar em nada naquele momento, nem que o amanhã estava bem próximo, e tudo voltaria a ser como era antes. 

- Bom dia. - eu disse me espreguiçando, enquanto entrava na cozinha. chay me olhou estranho e eu olhei pra baixo. Depois que o filme acabou, coloquei uma blusona confortável e deitei para dormir, quando entrei na cozinha espreguiçando, ela subiu, revelando uma calcinha rosa de coração. Olhei envergonhada pra chay e tratei logo de abaixar os braços. 
- Bom dia. - ele deu uma risadinha.- Estou fazendo torradas, senta ai que já ficam prontas. - ele apontou pra minha mesa, onde tinha pratos, talheres, copos, pra nós dois. - Como você ta? - ele virou pra mim, encostando o corpo na pedra de mármore da pia, onde a torradeira estava. 
Dei de ombros. 
- Não sei, to com uma sensação de vazio sabe? Mas minha mãe nunca foi presente pra ser tão forte assim. 
- Isso é simples, é exatamente por ela ser sua mãe... Já liguei pro seu trabalho e expliquei o que aconteceu, você não precisa ir trabalhar. Aliás, acho que você não precisa ir por uns dias, tem algo a ver com luto, não entendi direito. 
- Não vou conseguir ficar aqui em casa, sempre acabo caindo no tédio e também não to com cabeça pra sair por ai, então, prefiro trabalhar. - chay me olhou preocupado. - Mas obrigada. - sorri de canto e duas torradas pularam, me assustando, fazendo chay cair na gargalhada. 
Olhei pro relígo que marcava 11 horas. Dava tempo de comer, me arrumar e trabalhar. 
Tudo o que eu precisava. 

Abri as grandes portas e senti o ar quente bater em meu rosto. Dei graças que meu ambiente de trabalho tinha aquilo. E minha casa também. Por isso, que quando fui escolher uma roupa pra ir trabalhar, não peguei uma tão quentinha. 
Eu vestia uma camisa xadrez rosa choque com azul claro, uma segunda pele e uma legging, mas não era suficiente para o clima. Aliás, em pleno outono, de onde veio a ideia de por aquela roupa? Passei pelo balcão das recepcionistas, dando Boa tarde, e elas responderam meio receosas. Será que minha cara condenava que algo ruim tinha acontecido ou a fofoca já tinha se espalhado? 
Não me importei muito, e continuei no rumo da minha sala. Passei por Amber e ela veio correndo em minha direção, me falando coisas bonitas e reconfortantes. Confesso que tive que respirar fundo pra não chorar. 
- Então, muto trabalho hoje? - perguntei, adentrando minha sala. Passe pelas janelas e abri as cortinas, fazendo alguma claridade entrar naquele lugar. 
- Não muito. - ela se aproximou da minha mesa e depositou uns dois books medios em cima. - esse é seu trabalho de hoje. - ela bateu em cima deles e sorriu. - Qualquer coisa, minima que seja, me chama ok? - concordei e ela saiu. 
Segundo a proposta do contratante, seria feita uma propaganda de perfume, onde uma mulher era disputada por dois homens e ela escolhe o que usa o tal perfume. 
Abri o primeiro book, que era feminino. Olhei aquelas meninas 'bonecas' demais e virei os olhos. Fechei aquele e peguei o masculino. E claro, nada seria diferente, aqueles meninos com cara de boneca também. Todos perfeitinhos demais, o que estragava. 
E foi então que eu o vi. Aquele sim era perfeito pra propaganda. 
Ele não tinha cara de boneca, não tinha olho claro, nada disso. Um cabelo castanho de corte médio, uma barba rala, olhos também castanhos e um corpo legal. 
Aquele sim era um modelo bonito. Bom, ele não tinha nada marcante, mas era essa simplicidade que o deixava bonito. 
Pensei em pegar o telefone pra discar o ramal da Amber, mas antes que eu fizesse isso, ele tocou. 
- Eu estava pra te ligar agora mesmo! - exclamei e Amber riu, esperando eu falar o que queria. - Qual é o nome do modelo... - aproximei meu olho da página pra ver o número dele. Acho que preciso urgentemente de óculos. - número 1830? 
- Só um minuto. - a ouvi teclar algo e o barulinho do clique do mouse. - Rian Cox, luuh. 
- Hum... Obrigada Amb! E ah, precisa de alguma coisa? 
- Na verdade não, é que tem alguém aqui que quer te ver. 
- Quem? - arqueei a sobracelha, dando uma ultima olhada em Rian e fechando o book. 
- arthur aguiar. 
Ah, claro, por que não ele? 
- Ele disse que não aceita um não! 
Respirei fundo e permiti que arthur entrasse. 
Quando ouvi passos de pessoas se aproximando, fingi que estava escrevendo algo em um papel aleatório. Ele bateu duas vezes na porta e eu nem me dei o trabalho de murmurar um 'entra'. 
- luuh? - ele colocou a cabeça pra dentro. - Com licença, a Amber disse que eu podia entrar. 
- Fica a vontade, arthur. - ele entrou, fechou a porta e sentou na minha frente. Continuei escrevendo e ele se remexeu um pouco na cadeira, pigarreando algumas vezes. 
- É... Eu vim aqui pra te pedir desculpas. - larguei a caneta e o encarei. Então eu percebi o que o chay tinha feito: o nariz dele estava meio inchado, com uma corte e um curativo em cima, e tinha uma coloração roxa. - Eu meio que mereço essa coisa horrosa na minha cara, mas não vem ao caso. Eu sei que não devia ter dito aquilo, mas saiu. 
Oh, a vida é tão simples né? Machucar as pessoas é tão fácil quando apenas 'saiu'. 
- Não é tão fácil assim arthur... Você não falou uma simples coisas, você mexeu com a morte da minha mãe. Se imagina no meu lugar! 
- Ok, eu sei. Mas só fui sincero. Me desculpa. - ele começou a bater os dedos na mesa e eu virei os olhos. 
- Olha arthur, posso até desculpar, mas não quer dizer que eu não continue chateada. Não só com isso. - acrescentei e ele me olhou. - É, você acha que pode chegar e mexer com meus sentimentos, mudar toda minha vida, dizer coisas pra mim e depois, simplesmente dizer que você não vai mais poder me ver. Não sei se isso ta certo, não que eu esteja cobrando algo de você. Mas já ta na hora de eu arrumar minha vida, eu não posso ficar nesse joguinho. 
- Você ta desistindo? - ele cruzou os braços. 
- Não disse que tava desistindo, estou dizendo que, tanto eu quanto você, temos que pensar em tudo isso. Estou decidida a tomar uma decisão, só preciso de um pouquinho mais de tempo. Só não posso mais deixar minha vida a confusão que ta. 
- Tudo bem, vou esperar você ter o seu tempo. Você não quer que eu te procure enquanto isso? - ele se levantou da cadeira e apoiou uma das mãos na cadeira. 
- Sinceramente, não to com cabeça pra esse tipo de coisa. Não estou colocando um ponto final em nada, eu só preciso de motivos que me façam tomar a decisão certa. 
- Motivos? - mordi a boca e senti vontade de falar 'sim arthur, motivos, demonstrações de afeto não só quando você quer algo a mais comigo, etc etc' mas não fui capaz disso. 
- Coisa minha. - respirei fundo. - acho que agora eu quero ficar um pouco sozinha. - ele afirmou com a cabeça. - e você ta desculpado sim. - falei enquanto ele andava até a porta e ele parou ao abri-la. 
- É, mas isso não faz de você menos chateada e eu não gosto disso. E espero que esse acontecimento não influencie na sua decisão. - ele acenou com a cabeça e saiu, fechando a porta. 
Apoiei minha cabeça em minhas mãos, cobrindo meu rosto. Lembranças rondavam minha cabeça... Momentos com chay, momentos com arthur. Momentos em que estávamos todos reunidos e eu observava aquela grande amizade entre eles. 
Mas na verdade eu não tava com saco pra lembranças. 
Comecei a fuçar minha mesa a procura da minha agenda, pra ver os compromissos dos próximos dias, se eu tinha, pelo menos, uma festa pra ir. Nem que fosse uma festa chata, que tivesse bebida e comida. Ah sim, pra mim já era otimo! 
Não a achei em minha mesa e resolvi procurar nas gavetas, mas depositei muita força, e a primeira delas saí com tudo, caindo no chão e fazendo com que tudo que tinha dentro se espalhasse pelo carpete. Bufei sem animo pra arrumar aquilo, mas mesmo assim, me sentei no chão - encostada na parede - e comecei a arrumar os papéis. 
Dentro de todo aquele mundo branco de letrinhas pretas, achei a única coisa que tinha cor... Uma foto. 
Mas apenas dava pra ver um pedacinho. 
A tirei do meio dos papéis e quando vi do que se tratava, senti aquela angústia subir ao meu peito novamente. 
Não era uma foto qualquer. Uma foto minha com a minha mãe. Oh céus, quanto tempo que eu não me pegava olhando para aquela foto? 
Eu devia ter uns 6 anos, estava em um lugar lindo, acho que era um parque. Eu sorria, toda lambuzada de sorvete - com ele derretendo em minhas mãos - e minha mãe me abraçava. Seus longos cabelos tingidos de vermelho caiam sobre o meu ombro, fazendo com que o meu se misturasse ao dela. Ela usava um óculos, bem fora de moda pros dias atuais e também sorria. 
Eu sei, eu estava sem saco para lembranças, mas era invevitável não lembrar... Talvez a unica coisa, daquela época, que ainda habitava minha memória. 

- lua , olha a sujeira que você ta fazendo com esse sorvete! - Aria disse brava, enquanto sua pequena filha se lambuzava de sorteve de morango. Seu rosto e mãos estavam rosas e o palito todo grudento, mas ela continuava chupando seu picolé. E sorrindo.
Por mais que a mãe a reprimisse, ela continuava sorrindo. Sempre. Aria percebeu que a filha não se intimidou com o que ela disse e logo se arrependeu de ter aumentado o tom de voz pra ela. A menina continuou sorrindo pra ela, como se tivesse a adimirindo. Sua mãe também sorriu de volta, se ajoelhando pra ficar do tamanho da filha.
- Desculpa querida, pode continuar tomando seu sorteve ok?
- Você não quer, mamãe? - ela ofereceu, mas Aria negou e colocou o óculos escuro, tentando disfarçar algumas lágrimas que invadiram seus olhos. Sua vida não era fácil, viver em Londres com uma filha pequena sem o marido, sem alguém pra ajudar. Tendo que deixar a mesma o dia inteiro em uma escola pra que ela pudesse trabalhar e ganhar um dinheiro que não podia trazer luxos.
Nada de brinquedos que passava na tv, nada de idas e mais idas ao shopping, nada de roupas só por vontade de comprar.
E mesmo assim, sua filha era feliz.
Mesmo com todo os estresse que sua vida era, mesmo que a maioria das vezes ela descontava na primeira e unica pessoa que aparecesse na sua frente. E essa unica pessoa continuava a sorrir.
Lembrou de ter levado a maquina fotográfica que tinha em sua bolsa. Tirou de la e pediu pra uma mulher grávida e seu marido, que passavam, pra registrar aquele momento. Chamou sua filha e a abraçou, ouvindo o 'clic' da maquina.
- Sua filha é linda. Espero que a minha seja tão linda quanto ela! - a moça sorriu, passando a mão pela barriga e entregando a máquina. Aria agradeceu e guardou a maquina novamente. Queria poder revelar logo e ver como aquela foto ficou. Queria ter uma lembrança, caso as decisões que invadiam sua cabeça toda noite, fossem tomadas.
Sorriu pra filha mais uma vez, mas com um pouco de tristeza.
- Vamos? - pegou em sua pequena mão e caminharam juntas até a saída do parque.
Elas nunca mais tinham ido a aquele lugar juntas. 


Percebi que estava chorando quando grossas gotas bateram na foto em minha mão. Eu me lembrava de quase tudo daquele dia, um dos poucos momentos família que eu tive com a minha mãe. Encostei minha cabeça na parede, deixando que todas as lágrimas saíssem. Aquela angústia parecia não ter fim, ela só aumentava, aumentava e aumentava. Posso não demonstrar muito, mas a falta que a minha mãe fazia era imensa e saber que não a tinha mais, não tinha nem como descrever. Mesmo que ela não fosse nada presente, saber que ela existia e que estava bem, me confortava. Mas agora... 
Larguei a foto sobre a pilha de papéis e abracei meus joelhos, chorando mais alto e abafando meu choro alto. 
Acho que adormeci ali mesmo, porque não lembro como acordei na minha cama no dia seguinte.

4 comentários:

  1. Na boa, eu amo essa web , uma das melhores que eu ja li até hoje, e olha que eu ja li muuuuuitas hem... mais acho que pra web fica melhor , a lua tinha que namorar com o chay, ele esta sendo perfeito pra ela em todos os sentidos , enqunto o arthur vem sendo um completo babaca com ela.

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  2. Maisssss e deixa chay e lua no final!!!

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  3. faÇo minhas as palavras de rayssa, Lua tem que namorar com Chay, ele é um amor

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  4. Concordo com todas, a Lua e o Chay tem que ficar juntos no final... Posta mais?

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