sábado, 12 de maio de 2012

Hot Adiction



Capítulo 21 ( Ultimo capitulo)



Natal. Época de festa, família reunida, bebidas, comida, árvores, bolas, presentes e neve. 
Mas eu, particularmente, não gosto de natal. E lá estava eu, sozinha em meu apartamento. sophia e mica foram pra uma viagem de uns dez dias, o perola eu não tive nenhuma notícia, pelo o que ouvi dizer arthur e ray foram pra cidade dos pais dela e o chay provavelmente ia pra alguma balada. É, ele até me convidou pra ir junto, mas eu fiquei tão cheia de trabalho nos últimos dias que resolvi não fazer nada. Época de festas é um inferno! É modelo daqui, modelo de lá... Mas por um lado foi bom, porque depois de todo aquele sermão da sophia, eu só ia encher minha cabeça de porcaria. E eu não estava muito afim de nada. Tomei algumas decisões e aprendi a entender o que realmente meu coração queria, mas tudo seria resolvido no seu tempo. Mas uma coisa era certa: eu ia tentar conhecer pessoas novas. Eu tinha que sair desse mundo onde apenas se encontravam chay e arthur, um mundo tão bagunçado! 
Olhei pro relógio que marcava 23h41min. Menos de uma hora para o natal. Grande coisa. 
Liguei a tv e deixei em um canal de clipes, enchi minha taça com um champagne barato qualquer que eu tinha comprado e fui até a sacada do meu apartamento. Um carro parou do outro lado da rua e não reconheci, então devia ser em alguma casa por ai. Alguns minutos depois senti meu bolso vibrar e peguei meu celular, mas o número que ligava era restrito, então rejeitei. 
A pessoa insistiu mais umas duas vezes, e na quarta, diferente das outras vezes, um nome piscava na tela do celular. 
- O que uma moça tão bonita faz sozinha em uma sacada, em pleno natal, enquanto tem Londres inteirinha a sua frente? 
- O que te faz pensar que to sozinha? 
- Comprou um cachorro e não me contou? 
- chay! 
- Brincadeira, luuh! 
- E esse carro aí? É novo? 
- Sim, senhora. Mais tarde podemos dar uma volta com ele, mas sabe, to esperando você me convidar pra entrar, porque esse cheiro de peru aqui dentro ta me matando! 
- Como se eu precisasse te convidar. Vai, vem logo. – ele desligou o telefone e segundos depois o vi descer do carro. E não é mesmo que tinha um peru ali? Logo ouvi a campainha tocar e ele já foi entrando e falando. 
- Você não quis ir pra balada comigo, vim comemorar o natal com você. Então, qual a raça do cachorro? - ele sorriu e colocou as coisas que ele segurava em cima da mesa, me dando um abraço. O olhei irônica e ele me mostrou a língua. Criança. - Faz tempo que não te vejo! 
- Tá uma correria lá na agência, mas eu já to de ferias. Só essa semana que vai ter uma confraternização e pronto, dez dias de sossego. - meus olhos até brilharam ao dizer aquilo - E a loja, como vai? - peguei em sua mão e o levei até o sofá, sentando na sua frente. 
- Tudo certo. Semana passada estávamos enfeitando pro natal e o idiota do perola caiu da escada. - ele começou a rir e eu imaginei a cena. - As vendas tão indo bem também e acho que é só. - ele riu mais um pouco e olhou pro relógio da tv. – Espero que tenha se comportado esse ano mocinha, é natal e aposto que você quer presentes do papai noel. - ele me abraçou pelo ombro. – Feliz natal, luuh. 

Algumas garrafas de bebida se encontravam pela minha sala e vários minutos já tinham se passado desde a meia noite. Já havia recebido as ligações de natal dos meus devidos amigos e lá estava eu e chay: ele encostado no sofá e eu deitada em seu peito. E nós estávamos um pouco longe do que pode se dizer de sóbrio. 
- Sabia que todo natal eu ligava pra minha mãe só pra ouvir ela dizer 'alô'? - revelei, sentindo uma angústia. Mas eu não ia chorar! 
chay começou a fazer carinho na minha cabeça. 
- E você não falava nada? – neguei com a cabeça. 
- Eu tinha medo da reação dela e só desligava depois que ela atendia. - dei de ombros - Hoje eu acordei pensando que ia fazer isso quando desse meia noite, mas lembrei que... - ele colocou a mão na minha boca, não me deixando continuar. 
- Que tal a gente mudar de assunto? – ele colocou as mãos em minha cintura e eu me sentei de frente pra ele - Como o assunto ' chay vai passar o ano novo na França'. - ele disse e abriu um puta de um sorriso. Eu tentei fazer o mesmo que ele, mas ia parece falso demais. 
- Nossa, que legal! Agora você vai poder aproveitar muito. Aquela vez você mais trabalhou do que aproveitou, né? – Ele concordou com a cabeça, mas certamente estranhou um pouco a minha reação. Ficamos um tempo em silêncio e eu resolvi perguntar uma coisa que tava sempre martelando a minha cabeça, mas só a bebida e um momento a sós com ele me deixariam fazer - Por que você resolveu quebrar a sua promessa e voltou a ser o que era antes comigo? Juro que pensei que tinha te perdido pra sempre. - abracei meu joelho. Perder chay não significaria perder algumas noites, seria perder um amigo, um confidente e eu só não falo irmão porque isso implicaria a ideia de incesto! 
- Eu nunca que gostaria de perder momentos como este, luuh. Eu só precisei de um tempo pra mim, mas isso aqui – ele apontou pra nós dois - fala mais alto. - sorriu e pegou na minha mão. 
- Você ainda me ama? - perguntei um pouco receosa e comecei a morder minha boca. 
- Nem se eu não quisesse, eu amaria. 
- chay, eu queria te pedir desculpa por tudo. Não foi c... 
- luuh, não fala nada. Você não tem que se desculpar por nada. Essas coisas a gente não escolhe, a gente só sente. Sério, não tem culpo de nada. 
Ficamos um pouco constrangidos e pela segunda vez no dia, chay olhou pro relógio da TV, que marcava 4h06min. 
- Bom, eu vou embora porque já é tarde. Meu vôo é dia trinta e um, pretendo te ver antes, mas se não der, tchau e juízo! Eu volto dia oito e te ligo, ok? – assenti com a cabeça e fomos andando até a porta. 
- Boa viagem então, juízo você e se cuida, por favor! – ele concordou e me deu um abraço. Ficamos assim por um tempo, só sentindo a presença do outro. chay saiu do abraço e ficou me segurando pelo braço, me olhando. 
Juro que às vezes tento segurar meus impulsos, mas dessa vez foi difícil. 
Abracei chay pelo pescoço e selei nossas bocas com tanta rapidez, que parecia que o mundo ia acabar. Nós até começamos um beijo de verdade, mas ele me cortou pouco tempo depois. 
- luuh, não, hoje não. Agora não. Por favor. – ele fechou os olhos e encostou a testa na minha. – Me deixa ir de cabeça fria pra essa viagem, você sabe o que isso causa em mim, se algo acontece aqui, não vou viajar em paz. Nunca me permitiria ficar em paz depois de todo esse tempo e... Desculpa. 
Concordei, desencostando nossa testa e o olhei. 
Li em seus lábios um ‘tchau’ e o vi entrar no elevador. 
Fechei a porta, me encostando na mesma e respirando fundo. Eu só queria a chance de fazer o certo, mas eu teria que esperar. 

O natal passou e o ano novo estava chegando. Essa é uma data que eu, particularmente, adoro. Ano novo é quando a gente se anima, lembra de tudo que passou e promete fazer diferente no ano que tá chegando. Fora que, fazer aquela lista mental de desejos e promessas é muito legal! Acho também que esse é meu feriado preferido, é que não tem toda aquela reunião familiar. Tenho lembranças ótimas do ano novo, ao contrario das do natal. 
Como chay havia imaginado, não consegui vê-lo, e sua viagem era no dia seguinte. Mas pelo menos era dia de festa na agência e eu poderia me divertir com o pessoal de lá. Retoquei minha maquiagem e ajeitei minha roupa, vendo Amber sair de um dos gabinetes do banheiro, pelo espelho. 
- É tanta roupa que vou pensar dez vezes antes de voltar ao banheiro. - ela disse rindo, enquanto se ajeitava. 
A festa estava bem legal. Tinha um dj tocando vários tipos de música, bexigas brancas estavam espalhadas por todos os lugares. As mesas exibiam toalhas também brancas, com detalhes em dourado e algum tipo de enfeite em cima. Do lado direito do salão tinha uma mesa bem grande com alguns aperitivos, que depois seriam trocados pelo jantar. Tinha também um palco, onde uma banda ia tocar e garçons rodando o salão inteiro com bebidas. Peguei uma taça de vinho que passou bem ao meu lado e comecei a me dirigir pra minha mesa, quando senti alguém me puxando pro lado contrário. Foi sorte não ter derrubado todo o vinho na minha roupa. 
- Vai com calma, Amb! - pedi e ela parou, me pegando pela mão e andando como uma pessoa normal. 
- Quero te apresentar uma pessoa! - andamos mais um pouco e paramos em uma mesa onde só tinham homens. Cinco pra ser exata. 
- Oi, rapazes! - os cinco sorriram pra ela e a cumprimentaram. - Essa é a lua . Ela trabalha lá na agência e na verdade, é ela quem seleciona os modelos pras campanhas. – Amber riu e eu sorri um pouco sem graça quando os cinco pares de olhos me olharam. Mas um chamou a minha atenção. – Esse é o Rian que você me perguntou outro dia! – ela sussurrou em meu ouvido, e me lembrei de onde o conhecia. – Vamos dançar, meninos? – ela falou e eu desviei meu olhar do de Rian, percebendo que tinha ficado tempo demais olhando. Os cinco levantaram e Amber me segurou pela mão, me levando pra pista improvisada. 
Começamos a dançar e cantar algumas músicas antigas que a banda tocava e aproveitei pra conversar com Rian. Ele parecia ser legal, mas era um pouco difícil entender alguma coisa com todo aquele som na cabeça. Quando o jantar foi servido, eles nos convidaram pra sentarmos à mesa em que eles estavam, e a Amber nem esperou dois segundos pra responder que sim. 
Enquanto comemos, jogamos conversa fora e conheci um pouco os rapazes que estavam com a gente, mas nada que me fizesse conhecê-los totalmente. Só tinha um que eu queria conhecer! 
Uma música atual e agitada começou a tocar e nós voltamos pra lá, dessa vez com copos de bebida nas mãos. Todos nós, menos o Rian. 
- Você não bebe? – perguntei. 
- To dirigindo hoje. – ele fez uma cara de ‘fazer o quê’. Pessoas sensatas ainda existiam no mundo. 
Depois de um tempo, percebi que a quantidade de pessoas na festa estava diminuindo. Olhei pro lado e vi Amber dançando, mais intimamente, com um dos rapazes da mesa, que eu descobri mais cedo que ela um rolo dela de tempo. É, acho que sobrei. 
- lua ... – fui surpreendida por Rian me chamando, levando um pequeno susto – To indo embora quer uma carona? – ele perguntou sorrindo. 
- Aceito se você parar de me chamar de lua e começar a me chamar de luuh! – sorri de lado. 
- Você quer uma carona, luuh? 
- Agora eu aceito sua carona! Aliás, minha amiga ali – apontei pra Amber – me abandonou, e eu ia embora com ela. – dei de ombros, pegando em sua mão e ele começou a me conduzir pra fora da festa. Consegui enfiar meu salto em todos os buracos que achei pelo caminho até o carro e Rian só ria da minha cara. 
Chegamos ao carro e ele abriu a porta pra que eu entrasse. Minha casa era um pouco longe dali, mas dei as coordenadas e ele disse que sabia onde ficava meu bairro. Rian deu partida no carro, tomando o caminho do meu apartamento. 
- A gente nem se apresentou direito! A Amber foi logo mandando a gente dançar e aquele som tava bem alto. – ele deu de ombros riu – Prazer, sou Rian Cox, tenho vinte e quatro anos, sou modelo, tenho uma banda nas horas vagas. Sou solteiro, mas tenho um filho de três anos. 
Demorei um pouco pra processar tanta informação em um minuto. Fiquei olhando para seu rosto, enquanto ele estava atento às ruas. Mas eu podia ver um sorriso formado em seus lábios. 
- Sua vez! – ele falou, me despertando. 
- Prazer, sou lua blanco, a pessoa com a vida mais confusa que você já conheceu. 
- Quero conhecer essa confusão. Pode começar, temos mais alguns bons minutos até a sua casa. – e isso era tudo que eu precisava: alguém que não sabia nada do que acontecia em minha vida, alguém que eu poderia desabafar sem que me desse sermão. 
- Ah, é difícil falar, mas esse ano eu fui egoísta e acabei machucando as pessoas, envolvendo sentimentos de quem não devia! Eu fui meio que infantil por pensar só em mim, e sei lá, eu amadureci por causa dos últimos acontecimentos, mas eu não precisava passar por nada disso porque eu só precisava de uma pessoa pra tudo dar certo. Nunca tive coragem de enxergar, assumir o que eu realmente sentia, mas agora já é tarde e ele tem que viver a vida do jeito que ele escolheu e merece viver. E ah, minha mãe morreu faz pouco tempo também, mas fazia muito tempo que não a via. – dei de ombros e ele estava me encarando, enquanto o sinal não abria – Eu disse que era confuso! 
- Eu entendi. – ele disse, mexendo a cabeça positivamente, acelerando o carro quando o sinal abriu – Mas eu acho que você devia ligar pra ele e contar tudo o que sente. – Rian piscou. – Você pode fazer tudo valer a pena o mais rápido possível. 
- Eu não posso. – neguei e olhei pra fora, vendo as casas passarem rapidamente por meus olhos. Todas elas estavam coberta por uma camada fina de neve. Tudo tão lindo e intocável. 
- Por quê? 
- Não tem um porquê! Eu só não posso. Que ele seja feliz da maneira que ele escolheu, não quero mais interferir em nada. – Sério, sério mesmo que eu estava acompanhada de um cara foda, mas a única coisa que eu conseguia falar era sobre minha vida amorosa frustrada. Tipo, sério? – Desculpa, acho que eu não devia estar falando essas coisas pra você! 
- Não tá me incomodando em nada. – ele parou em outro sinal vermelho e sorriu pra mim. – Você não perguntou, mas vou falar de mim. Eu não amo ninguém desde a mãe do meu filho. Acho que eu bloqueei esse sentimento da minha vida. – deu de ombros e eu balancei a cabeça, rindo. – Foi mal, minha história não foi tão intensa quanto a sua, né? – ele estreitou os olhos como se tivesse bravo, mas eu sei que não tava. 
- Não é isso. – ri de lado. – É que eu deveria fazer o mesmo que você. – encostei minha cabeça no vidro. 
- Não, pelo contrário! Você vai ver como isso é bom, a gente só tem que achar a pessoa certa. – ele piscou. Ficamos um tempo em silêncio, e quando ele virou a esquina, reconheci minha rua. 
- É ali. – apontei. Rian parou o carro em frente ao meu prédio e o silêncio voltou as nossas vidas. 
- Tá entregue então! Se quiser, podemos marcar alguma coisa qualquer dia. Gostei de você. – queria poder dizer pra ele que eu era mais legal do que aquele projeto de gente que ficava se lamentando com as pessoas. 
- Claro. – sorri. Mas sabe, pensando bem, eu não podia jogar a oportunidade de conhecer pessoas novas fora. E ‘qualquer dia’ pode ser tão longe... – Na verdade, você não quer entrar? – apontei pra fora. Ele me olhou, arqueando a sobrancelha, como se perguntasse se eu tinha certeza. Eu apenas sorri, confirmando. 
Descemos do carro e entramos. O porteiro não tava na cabine dele, mas imaginei que devia estar tomando café ou algo assim. Sabe né, não deve ser fácil ficar a noite inteira vigiando um prédio. Entramos no elevador e apertei o botão do meu andar. 
- Não sei se você sabe, mas ano que vem vou fazer outro book. Acho bom você me agendar para todas as campanhas, agora somos amigos. – Rian me olhou desafiador e cruzou os braços. 
- Ei, isso é pressão psicológica! – ele deu de ombros, ficando sério, mas logo caímos na risada. A porta do elevador se abriu e quando a minha porta entrou em meu campo de visão, vi que tinha uma pessoa encostada nela, sentada, toda encolhida e com a cabeça entre as pernas. A principio não reconheci, mas logo que vi o cabelo, tinha certeza de quem era. 
- rayanna ? – perguntei e me agachei na frente dela. Ela levantou o rosto que estava todo vermelho, assim como seus olhos. – ray, o que aconteceu? – mas ela não disse nada e continuou chorando. Olhei para Rian que tinha os olhos arregalados. – Me ajuda a levá-la pra dentro? – ele concordou com a cabeça, ficando do lado de ray. 
- Ei, vamos lá pra dentro. – passei a mão por seu cabelo. Peguei em seu braço e ela levantou. Rian a pegou pela cintura, enquanto eu destrancava a porta. Guiei os dois até o sofá, vendo ray sentar no mesmo e abaixar a cabeça. 
- Rian, desculpa, mas acho melhor você ir. 
- Tem certeza? Não precisa de ajuda? – ele apontou com a cabeça pra ela e eu neguei. 
Começamos a andar até a porta, ele parou do lado de fora e eu no de dentro. 
- Eu resolvo isso, pode deixar. Obrigada pela carona. – ele se aproximou e me deu um beijo no rosto. Ou quase. Se um narrador de futebol fosse o narrasse a minha história, com certeza ele daria um grito de ‘NA TRAVE’ nesse exato momento. 
Acho que fiquei tão assustada com a cena da rayanna parada na minha porta, que não tive outra reação senão pedir pra ele ir embora. Não tinha mais clima ele ficar ali também. Esperei Rian entrar no elevador e voltei pra dentro de casa, fechando a porta. Sentei ao seu lado e a encarei. 
- Você pode me contar o que aconteceu? Mas respira fundo antes de começar a falar. – ray voltou o olhar pra mim. Disse aquilo, imaginando que pelo seu estado, falaria as coisas gaguejando. Ela fechou os olhos, respirou fundo e voltou a abri-los, me fitando. Por um momento tive medo daquele olhar, tive medo que fosse um olhar que me julgasse. 
- Desculpa vir aqui, luuh, mas não tinha mais para quem correr. Eu amo o arthur, você sabe disso, mas eu não to mais suportando. Ele anda tão frio, não o conheço mais. Eu to tentando fazer de tudo, mas não adianta. Ele saiu dez horas da noite e não atende ao telefone mais! Eu fico desesperada com essas coisas e já faz tempo que ele não é o mesmo. – ela desabafou e voltou a chorar. Confesso que tive vontade também. 
Isso chama remorso, culpa, traição e por aí vai. Só coisas legais e que todo mundo devia sentir. 
- Você o conhece tão bem, conversa com ele, luuh! Ele sempre te ouve. Por favor, eu nunca te pedi nada, mas me submeti a isso e to aqui. Por favor, nem que seja pra acabar, pra ele dizer que não me ama, não sei, mas acho que isso é melhor do que ficar tentando qualquer coisa em vão. – Acho que eu não tava em posição de negar nada a ela. 
- Prometo que amanhã vou conversar com ele, ok? Agora vamos pro meu quarto, você tem que dormir um pouco. 
Levei ray até lá, dei um pijama pra ela colocar e fui tomar banho. 
Esses últimos minutos da minha vida poderiam, certamente, parecer piada. Ou até muito patético e falso que eu estivesse ajudando quem eu estava. Mas quantos anos eu tinha? Doze? Quinze? Se eu sabia ser adulta em vários momentos, tava na hora de aprender a ser adulta nesses momentos também. Com certeza, falar com o arthur estava nos meus planos. Depois daquela conversa em meu escritório, muita coisa estava pendente. Assim, poderia acabar com isso que estava angustiando a ray e a mim também, mesmo que nem todo mundo saísse feliz dessa. 
Mas uma coisa é certa, eu não me arrependo de tudo o que fiz, não mesmo. Só não sei se faria exatamente assim, mas arrependimento? Não, isso não.
Terminei meu banho e fui pro quarto, onde a ray já estava deitada embaixo de alguns cobertores. Seu rosto já não estava tão vermelho. 
Me troquei e deitei ao lado dela. 
- Você tá pronta pra qualquer que seja a resposta de todas as perguntas que você quer que eu faça pra ele? – perguntei. 
- Tenho que estar. – ela sorriu tristemente. – Obrigada, luuh. Eu sei que nunca fomos grandes amigas, mas te conheço o suficiente pra saber que você não me ajudaria se não quisesse. Então, obrigada. 
- Não foi nada, ray. Amanhã a gente resolve tudo isso, ok? – ela assentiu com a cabeça e fechou os olhos. 
É, acho que o momento de fazer as coisas certas estava apenas começando. 

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